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2012 - Livro Vermelho 2013

Sloanea garckeana K.Schum. LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 07-05-2012

Criterio:

Avaliador: Rafael Augusto Xavier Borges

Revisor: Miguel d'Avila de Moraes

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

S. garckeana ocorre em outros países da América do Sul e tem ampla distribuição no Brasil, com subpopulações bem amostradas em todos os biomas. A espécie também ocorre em pelo menos nove unidades de conservação (SNUC).

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Sloanea garckeana K.Schum.;

Família: Elaeocarpaceae

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Descrita em Fl. Bras. 12(3): 177, pl. 36. 1886. S. garckeana é morfologicamente semelhante à S. terniflora, espécie com a qual ocorre simpatricamente, diferenciando-se principalmente pelo indumento do ovário, comprimento e forma do prolongamento do conectivo. S. garckeana possui o ovário coberto por indumento longo velutino que normalmente se mantêm entre as cerdas da cápsula no fruto já desenvolvido, já S. terniflora apresenta indumento pubescente sobre o ovário. O prolongamento do conectivo em S. garckeana é aristado e maior do que o observado em S. terniflora, na qual o prolongamento do conectivo é acuminado (Silveira, 2009). Nomes populares: "urucurana" e "urucurana brava" (Sampaio, 2012).

Distribuição

Não endêmica do Brasil; ocorre nos Estados do Amapá, Pará, Acre, Maranhão, Pernambuco, Bahia, Sergipe, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina (Sampaio, 2012; Silveira, 2009).

Ecologia

Caracteriza-se por árvores ou arbustos, de 2-13 m de altura; floresce e frutifica o ano todo (Silveira, 2009).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes A Mata Atlântica já perdeu mais de 93% de sua área e menos de 100.000 km² de vegetação remanesce. Algumas áreas de endemismo, como Pernambuco, agora possuem menos de 5% de sua floresta original. Dez porcento da cobertura florestal remanescente foi perdida entre 1989 e 2000 apenas, apesar de investimentos consideráveis em vigilância e proteção. Antes cobrindo áreas enormes, as florestas remanescentes foram reduzidas a vários arquipélagos de fragmentos florestais muito pequenos, bastante separados entre si. As matas do nordeste já estavam em grande parte devastadas (criação de gado e exploração de madeira mandada para a Europa) no século XVI. As causas imediatas da perda de habitat: a sobrexplotação dos recursos florestais por populações humanas (madeira, frutos, lenha, caça) e a exploração da terra para uso humano (pastos, agricultura e silvicultura). Subsídios do governo brasileiro aceleraram a expansão da agricultura e estimularam a superprodução agrícola (açúcar, café e soja). A derrubada de florestas foi especialmente severa nas últimas três décadas; 11.650 km² de florestas foram perdidos nos últimos 15 anos (284 km² por dia). Em adição à incessante perda de hábitat, as matas remanescentes continuam a ser degradadas pela extração de lenha, exploração madeireira ilegal, coleta de plantas e produtos vegetais e invasão por espécies exóticas (Tabarelli et al., 2005).

1.1 Agriculture
Detalhes A degradação do solo e dos ecossistemas nativos e a dispersão de espécies exóticas são as maiores e mais amplas ameaças à biodiversidade. A partir de um manejo deficiente do solo, a erosão pode ser alta: em plantios convencionais de soja, a perda da camada superficial do solo é, em média, de 25 ton/ha/ano. Aproximadamente 45.000 km² do Cerrado correspondem a áreas abandonadas, onde a erosão pode ser tão elevada quanto a perda de 130 ton/ha/ano. O amplo uso de gramíneas africanas para a formação de pastagens é prejudicial à biodiversidade, aos ciclos de queimadas e à capacidade produtiva dos ecossistemas. Para a formação das pastagens, os Cerrados são inicialmente limpos e queimados e, então, semeados com gramíneas africanas, como Andropogon gayanus Kunth., Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich) Stapf, B. decumbens Stapf, Hyparrhenia rufa (Nees) Stapf e Melinis minutiflora Beauv. (molassa ou capim-gordura). Metade das pastagens plantadas (cerca de 250.000 km² - uma área equivalente ao Estado de São Paulo) está degradada e sustenta poucas cabeças de gado em virtude da reduzida cobertura de plantas, invasão de espécies não palatáveis e cupinzeiros (Klink; Machado, 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes O modelo tradicional da ocupação da Amazônia tem levado a um aumento significativo do desmatamento na Amazônia legal, sendo este um fenômeno de natureza bastante complexa, que não pode ser atribuído a um único fator. As questões mais urgentes em termos da conservação e uso dos recursos naturais da Amazônia dizem respeito à perda em grande escala de funções críticas da Amazônia frente ao avanço do desmatamento ligado às políticas de desenvolvimento na região, tais como especulação de terra ao longo das estradas, crescimento das cidades, aumento dramático da pecuária bovina, exploração madeireira e agricultura familiar (mais recentemente a agricultura mecanizada), principalmente ligada ao cultivo da soja e algodão. Esse aumento das atividades econômicas em larga escala sobre os recursos da Amazônia legal brasileira tem aumentado drasticamente a taxa de desmatamento que, no período de 2002 e 2003, foi de 23.750 km², a segunda maior taxa já registrada nessa região, superada somente pela marca histórica de 29.059 km² desmatados em 1995. A situação é tão crítica que, recentemente, o governo brasileiro criou um Grupo Interministerial a fim de combater o desmatamento e apontar soluções de como minimizar seus efeitos na Amazônia legal (Ferreira et al., 2005).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Observações: Espécie considerada "Vulnerável" (VU) pela Lista vermelha da flora do Espírito Santo (Simonelli; Fraga, 2007).

4.4.3 Management
Observações: Espécie ocorre em unidades de conservação (SNUC): RPPN do Pereira, no estado de Alagoas; RPPN Serra do Teimoso e Reserva Biológica do Mico-Leão, na Bahia; Estação Biológica de Santa Lúcia, Reserva Natural do Vale do Rio Doce e Área de Proteção Ambiental Praia Mole, no Espírito Santo; Estação Biológica de Caratinga, em Minas Gerais; Área de Proteção Ambiental de Tambaba, no Paraná; Parque Nacional da Serra dos Órgãos e Reserva da Cicuta, no Rio de Janeiro (CNCFlora, 2011).

Referências

- SAMPAIO, D. Sloanea garckeana in Sloanea in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB007446>.

- NADRUZ, M.A.; SAMPAIO, D. Plantas da Floresta Atlântica. In: STEHMANN, J.R.; FORZZA, R.C.; SALINO, A. ET AL. Plantas da Floresta Atlântica. p.240, 2009.

- SILVEIRA, D.S. Revisão taxonômica das espécies neotropicais extra-amazônicos de Sloanea L. (Elaeocarpaceae) na América do Sul. Doutorado. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2009.

- FERREIRA, L.V.; VENTICINQUE, E; ALMEIDA, S. O desmatamento na Amazônia e a importância das áreas protegidas., Estudos Avançados, São Paulo, Universidade de São Paulo, v.19, n.53, p.157-166, 2005.

- KLINK, C.A.; MACHADO, R.B. A conservação do Cerrado brasileiro., Megadiversidade, p.147-155, 2005.

- TABARELLI, M.; PINTO, L.P.; SILVA, J.M.C.; ET AL. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira., Megadiversidade, p.132-138, 2005.

- Base de Dados do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora). Disponivel em: <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/>. Acesso em: 2011.

- SIMONELLI, M.; FRAGA, C. N. Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção no Estado do Espírito Santo. Vitória, ES: IPEMA, 2007. 144 p.

Como citar

CNCFlora. Sloanea garckeana in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Sloanea garckeana>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 07/05/2012 - 13:48:01